segunda-feira, dezembro 19, 2011

Leveza

É dessa leveza que a vida é feita...
Uma leveza que a levedura nos acrescenta
Provoca a vida em câmera lenta
E todas as cenas diante dos olhos
Num continuum que pede para se prolongar
Que pede para durar além do próximo copo
E, quem sabe, além do próximo corpo
Que pede para colar-se ao teu
Que pede para ser fiel
E nada mais há para ser pedido
Visto que o pedido ficou suspenso
Enquanto aguardamos os próximos atos
Dessa obra inacabada, chamada vida, chamada chama
E que clama para ser vivida, porque não podemos desperdiçar emoções
Porque estamos sós
Porque investimos tempo, suor e gozo,
Porque queremos a sensação da vitória
Porque voltar pra casa seria o oposto da glória
E ninguém quer ser filho pródigo na porta dos pais
Queremos mais, sempre
Nenhum barco de primeira viagem há de almejar o cais
Porque nossos planos pedem concretização, ação
E sois mais são quando vives a humana leveza de embriagar-se
E deixar-se ausente do chão, outra dentre tantas ilusões
Que construímos, apenas e tão somente com o sentido de caminhar
E ser terra, e ser água e ser semente.
Até florescer, até germinar...
-E depois?
Sois mar, sois cais...
E cada chegada é também partida.
É dessa alternância que é feita a vida, ida, finda...

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