domingo, julho 22, 2007

Borboletas mutantes


A linguagem é fascista não porque ela te impede de dizer, mas porque te obriga a dizer. (Roland Barthes)




Há certas palavras que a gente se sente obrigado a dizer. E digo a gente na certeza de não estar sozinha. Não estou falando daquelas palavras que escapam da boca e, às vezes, ferem ao outro sem que tenhamos qualquer controle sobre elas. Isso porque o controle termina quando deixamos que elas ultrapassem as fronteiras entre o dito e o não dito. Depois, são como borboletas saídas do casulo. Mas, ao contrário destas, aquelas não têm vida curta. Ao invés de morrerem rapidamente no ouvido de alguém, podem assumir outras formas e percorrerem milhares de bocas e ouvidos, bocas e ouvidos, bocas e ouvidos... Por isso, vivo o esforço diário de cuidar para que não ultrapasse a fronteira do dito e do não dito qualquer palavra clandestina, que vá percorrer sabe lá que territórios. Além disso, para o caso de uma eventualidade, há pouco passei a carregar no bolso as palavras de um colega: Não confie no off!




ps: Cuidado redobrado com as palavras escritas!!! Conquistam o Green Card assim que chegam até a folha de papel

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Eis que meu leitor e amigo pergunta, aqui abaixo no espaço reservado para os comentários, sobre a bicicleta. Pois é, não sei. Na verdade, acho que a deixei em algum lugar e, no meio dessa correria em que vivo atualmente, a perdi. Eu sei que correrias não são justificativas. E eu deveria me organizar melhor (palavras do papai). Dormir menos tarde, acordar mais cedo e usar fio dental. As descalcificações ameaçam o branco dos meus dentes.

Sei que deveria arranjar um tempo para sentar em alguma praça, colocar o jornal no colo e fitar alguma lembrança gostosa perdida em algum lugar, talvez junto com a bicicleta. Viu, só? Foi só relaxar um segundo e já tenho uma pista...

obs: Acima, mais uma foto de Juiz de Fora...