terça-feira, novembro 15, 2005

Hoje tem palhaçada?! Tem sim sinhô!

Vocês lembram que em “Infinito”, há duas postagens e muitos dias atrás, a roda traseira de Malu estava em um “estado lamentável” ?! Pois então, agora tudo caminha bem ou não caminha... Na verdade, Malu de monocicleta só anda em círculos, tentando desesperadamente chegar a algum lugar. Com uma única roda, o que parecia terminado, apenas mudou de rumo. Malu foi vista em algum lugarejo do planalto central, debaixo de uma lona colorida, fazendo graça para meia dúzia de criancinhas sorridentes e equilibrando-se em uma das rodas de sua bicicleta, a que saiu de seu costumeiro lugar.

É isso mesmo! Malu está trabalhando no Circo. Ela não é o palhaço, mas faz das suas e diverte o grande pequeno público. Às vezes somos público, às vezes a atração. Malu agora é a atração, assim como o incrível homem - gelo, o super mágico de Ozim ou a surpreendente mulher barbada. Neste momento, Malu é quem diverte e distrai uma dúzia (antes era meia, mas o público cresce...) de guris cheirando a leite, cheios de cáries, com deveres de casa por fazer... Dali, alguns vão direto para casa como seus pais ordenaram, outros vão ficar pela rua com seus coleguinhas, enquanto suas mães não saem cheia de rolinhos no cabelo gritando seus nomes: “Henrique João!” Até poderiam ser dois filhos, mas é o famigerado nome composto. Há uma lenda sobre nomes compostos que devo dividir com você... Reza a lenda, que um rei mexicano (licença poético-histórica) tinha dois filhos, Rodolfo e Fernando. Os dois meninos eram a razão de viver daquele monarca, tão preocupado com questões sucessórias que só afligem os ricos muitos ricos, que têm o que deixar para seus herdeiros.

Um dia, o reino foi invadido e sumariamente destruído. Os filhos do rei, dois rapazotes muito bem abençoados, foram levados e feitos escravos. O rei caiu em desgraça. Um reino usurpado e seus herdeiros escravizados. Era muito mais do que ele poderia suportar. Em uma noite, o pobre monarca ex-rico ingeriu um poderoso veneno, dando fim ao seu sofrimento. E os nomes compostos?! Bom, reza a lenda que antigos autores de antigas peças itinerantes, em função da notoriedade desta trágica história e da beleza dos dois irmãos que se perpetuara no imaginário popular, tentavam driblar a feiúra de seus mocinhos atribuindo-lhes os nomes dos jovens príncipes. Portanto, há muito tempo, assim surgiram os Rodolfos Fernandos. O resto ficou por conta da criatividade do povo: José Reinaldo, Armando José, Rodolfo José, João Fernando, Henrique João...

Bom, o caso é que nossa amiga está muito bem e permanecerá se equilibrando em cima daquela única roda que se soltou até que o Circo a leve para outro canto ou que os ventos soprem para outra direção.

Respeitável público, ficamos por aqui!
Abraços!

quarta-feira, novembro 09, 2005

Kataplef!

“Malu andava de bicicleta, linda, leve, solta e segura de que nunca cairia, pelo menos não naquele terreno. Só não se deu conta que o dia escurecia, e que nunca havia pedalado à luz da lua. Num primeiro momento ficou maravilhada com as estrelas, com os sons dos grilos... até que se distraiu e: kataplef!!! Caiu no chão. Não sabia expressar o que sentia no momento, um misto de sentimento de...derrota, medo. O que fazer agora?! Pôs-se então a chorar copiosamente. Até que era belo o seu choro. Com aquilo intentava o impossível: chamar a atenção de um socorro. Pai, mãe, padre, polícia... Sei lá! Alguém viria lhe ajudar, era humilhante ter que levantar do chão machucada e suja. Mas ela não sabia, à noite é diferente. Ela havia fugido de casa, não podia chamar os pais. O padre já havia rezado a última missa. E a polícia... Bem, esta à noite se parece mais com os ladrões. Preferiu, mesmo assim, continuar chorando a se levantar e continuar pedalando e aproveitar o que a noite ainda poderia lhe trazer, de bom ou de ruim... Talvez fosse mais seguro mesmo continuar ali onde sempre esteve...

Malu mal se levanta, e quer voltar para seu ninho de novo...Mas a noite é feita de suor, lágrimas, sorrisos e provocações, muitas provocações..."

quarta-feira, novembro 02, 2005

Chorinho para você musicar

A vida inspira a arte, ou vice-versa?
O sentido requer o hipertexto. Este, ficarei devendo...

Chorinho para você musicar

Te ignoro para não me jogar de novo no teu abraço
Assim eu me defendo do seu pouco caso, do seu descaso.
Te ignoro para não me jogar no teu abraço.
Aberto, mas escasso.
Te ignoro, enquanto não te esqueço,
Porque seu colo é o berço da minha dor.
Ignoro e quando não suporto choro...

Um chorinho descompassado
Como os que você cantou em Santa Tereza
Um chorinho minguado, mal ritmado.
Pois afinal é um choro de tristeza

Só derramo lágrimas.
Não posso derramar qualquer requisição
Por quem nada prometeu.
Eu, "Prometeu acorrentado",
Quero me livrar desse acorde furado,
Desse arremedo de relação.
Antes que venham as despedidas, o espelho quebrado.

[Por isso] Choro um chorinho descompassado
Como aqueles que você cantou em Santa Tereza.
Um chorinho minguado, mal ritmado,
Afinal, é um choro de tristeza.

De repente, a noite virou dia.
Como sempre acontece,
Não mais que de repente, a claridade atravessou a janela.
Meus olhos de ressaca não puderam dissimular.
Me perdi nos seus braços, boemia.
E este poeta chora por não conseguir se encontrar.

Chora um chorinho descompassado
Como os que você cantou em Santa Tereza
Um chorinho minguado, mal ritmado.
Pois, afinal, é um choro de tristeza.

Abandono a métrica, porque não me faz falta
Ela só me atrapalha a inspiração.
Te ignoro para não me jogar nos teus braços, boemia peralta.
Te ignoro e choro, sem métrica nem discrição.

Um chorinho descompassado
Como os que você cantou em Santa Tereza
Um chorinho minguado, mal ritmado.
Pois, afinal, é um choro de tristeza. (MLCM)

E o meu medo maior é o espelho se quebrar...” (“Espelho”, João Nogueira)
para ouvir “Espelho”, digite Espelho no uol Busca, site http://musica.uol.com.br/radiouol e escolha a versão cantada pelo sambista João Nogueira, do CD Uma Noite Com A Raiz Do Samba.