segunda-feira, junho 07, 2010

Scorza e 'A dança imóvel' movendo o passado

"Marie Claire volta da cozinha com o jornal numa das mãos e anuncia a manchete: “O papa se casou!” Os detalhes do matrimônio papal, a cerimônia, a identidade da esposa – nada menos que a Miss Brasil –, a repercussão no Vaticano. Todas as notícias exclusivas são publicadas no A Verdade, “único jornal a serviço da mentira, ou melhor, da fantasia...!” A amada de Santiago lê seu próprio jornal com textos colados sobre uma página de jornal verdadeiro (SCORZA: 1983, p. 94). O casal de amantes que fizeram o pacto de não ter passado no dia em que se conheceram, ousava forjar novas verdades".


Trecho do artigo A dança imóvel de Scorza e o tempo como ferramenta metodológica, de minha autoria, publicado no novo número da Revista Comunicação & Política. O artigo é sobre o livro A dança imóvel (1983), do peruano Manuel Scorza.


Para ver a revista completa clique aqui:




http://www.cebela.org.br/site/baCMS/files/84642DAM3%20Maria%20Luiza.pdf


Em 28.11.1983, Claudio Abramo publicou na Folha de S. Paulo o artigo A falta de sorte de um mestiço dos Andes em que fala da vida, da obra e da morte de Manuel Scorza: O texto, publicado em A regra do jogo (p.202), pode ser lido aqui: http://bit.ly/9jBAVS

quarta-feira, junho 02, 2010

"...o surpreendente é que você me deixe tranquila a ponto de que eu aprenda a ficar. Sem sabotagens, sem tentar implodir a paisagem e fazer a ficção de um inventário de ruínas, você me deixa a vontade em seu ombro sua casa suas roupas e me (a)pego aprendendo de improviso a força necessária para ser sem culpas e questionamentos sobre a natureza da felicidade e tê-la agora enquanto durar e que dure muito e saibamos reinventá-la quando for preciso. amém..."

citando http://alevezadoser.blogspot.com/



"Quem disse que amor não dói é porque nunca amou Maria Luísa."

terça-feira, junho 01, 2010

Um fundamento...

Todo meu trabalho, em dois longos anos de leituras e escritas, fundamenta-se numa ideia. E ela é a mesma ignorada pelos pichis, aquela colônia subterrânea de sobreviventes da invasão das Malvinas da qual desapareceram todos os valores, exceto os que lhes possibilitavam conservar a vida. Os pichis viviam num puro presente, como conta a argentina Beatriz Sarlo em referência ao romance Los pichiegos, de Fogwill:

“Seu tempo [dos pichis] é puro presente: e sem temporalidade não há configuração do passado, compreensão do presente, nem projeto. Como futuros mortos, os pichis só conseguem pensar num adiamento do desenlace, hora após hora, esquivando-se desse desenlace e, ao mesmo tempo, despojando-se da ilusão de que existe algum tempo para eles. Nessas condições de miséria simbólica, o romance apresenta as condições de miséria material e as artimanhas das transações num mercado que também é puro presente”.

Fonte: SARLO, B. Não esquecer a guerra das Malvinas – sobre cinema, literatura e história. Em: SARLO, B. Paisagens imaginárias: Intelectuais, Arte e Meios de Comunicação. Tradução Rubia Prates e Sergio Molina. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1997. (Ensaios Latino-americanos; 2) (pp. 43-54) p. 48.