sexta-feira, julho 30, 2010

Cara nova...

Passou uma ventania e mudou tudo... Sem tempo para colocar as coisas no lugar, escolhi para este blog um 'rosto' provisório. Tudo a ver com as viagens que tenho conseguido realizar nestes longos meses de reclusão. A bicicleta, na verdade, está estacionada faz tempo! Com pneu murcho, murcho... As correntes estão enferrujadas que só! E as marchas não aguentam mais nem uma subidinha. Nada que aquela revisão das boas não resolva... Ou quem sabe não é hora de aposentar a velha companheira? É... sinto o aroma das boas transformações, como daquele pão que sai do forno e deixa a gente se perguntando: de onde vem esse cheirinho?! Já já vou descobrir!
Prestes a dar um F5 na vida,
eu.


***


Sexta-feira, Março 14, 2008
Maria Luiza Muniz
(resposta ao poema Me voy)

Eu fico. Não que inexista um destino.
É só porque minhas viagens, neste enquanto, são internas.
Eu fico esperando o momento de novamente
Envolver-te entre meus braços e pernas.
Eu fico com minhas hipóteses e metodologias
Fico com essa prótese de coração, cópia fiel.
Cuide bem da original em sua bagagem
Entre o kit de sonhos e camisa social.
Eu fico riscando o calendário duas vezes por dia
Para ver se alcanço mais rápido o seguinte...
Eu fico com nossas fotos e suas cartas.
Fico tentando casar sua letra e voz na minha memória.
Fico com a História, a Política, a Comunicação...
Vivo a prática diária das Ciências Humanas
E com a desumana carência da nossa práxis.
Fico, mas para declarar minha dependência
De lábios e toques, de corpos e atrito.
Digo ao povo que Fico.
...aguardando o grito da nossa doce inconfidência.

terça-feira, julho 27, 2010

domingo, julho 25, 2010

Acari: a dor nunca prescreve

As mães


O texto abaixo foi publicado pela primeira vez em 2006, no site Afasta de mim este cale-se, produzido como parte das atividades do Projeto de Extensão homônimo e desenvolvido por alunos do curso de Comunicação Social/Jornalismo, sob coordenação do prof. Dr. João Batista de Abreu (IACS/UFF). Trata-se apenas de um trecho da matéria publicada à época, mas certamente oferecerá ao leitor as principais informações sobre um crime que completa hoje 20 anos. Presto aqui uma espécie de homenagem, com a convicção de que a dor das Mães de Acari nunca há de prescrever.

Por Malu Muniz e Renata Cunha
O caso

Em 26 de julho de 1990, 11 jovens desapareceram na região de Magé, no Grande Rio. Passados 16 anos, nenhum deles foi encontrado e os parentes das vítimas sofrem com a sensação de descaso por parte das autoridades.

Uma semana antes do desaparecimento, segundo moradores, policiais militares teriam entrado na favela de Acari, durante uma festa julina, procurando por Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (Lula), 32 anos, Wallace Oliveira do Nascimento, 17 anos, e Moisés Santos Cruz (Moi), 26 anos. À época, os três mantinham uma ‘sociedade forçada’ com estes policiais, já que eram obrigados a dividir o produto dos roubos e seqüestros que realizavam. Moi e outros dois jovens, Edson de Souza Costa, 17 anos, e Viviane da Silva, 13 anos, ficaram detidos em um cárcere improvisado na casa de Edméia da Silva Euzébio, moradora de Acari, que viria a ser uma das mais ativas Mães de Acari. O movimento dessas mães surgiu a partir do desaparecimento de seus filhos num sítio em Suruí, local escolhido pelos rapazes extorquidos para se refugiarem durante alguns dias na companhia de amigos e, supostamente, para esconder o produto dos roubos.

Entre os desaparecidos estavam ainda as namoradas de Lula, Rosana Souza Santos, 17 anos, e de Wallace, Cristiane Souza Leite, 17 anos. O filho de Edméia, Luiz Henrique Eusébio da Silva (Gunga), 17 anos, a namorada Viviane, Hudson de Oliveira Silva, 16 anos, Antonio Carlos da Silva, 17 anos, e Hédio Oliveira do Nascimento, 30 anos, se juntaram aos demais e foram até o sítio de dona Laudicena Oliveira do Nascimento, mãe deste último, e avó de Wallace.


O caso que começou com o seqüestro de 11 jovens do subúrbio do Rio de Janeiro mudou a rotina de 11 mães, que ficaram conhecidas como as Mães de Acari. Vera Lucia Flores Leite, hoje com 58 anos, é mãe de Cristiane e conta que a procura pela filha fez com que ela largasse o serviço para acompanhar as investigações juntos com os policiais. Vera, que na época morava próximo a Acari, na Fazenda Botafogo, diz que enfrentou desconfianças das pessoas que moravam na favela, quando lá chegou em busca da filha. “Notei que as pessoas se retraíram quando eu cheguei, eles achavam que por eu ser mulher se policial ia passar informações, mas eu estava ali à procura da Cristiane”, lembra a mãe, que soube da viagem que a filha havia feito em companhia dos amigos apenas quando foi comunicada acerca do desaparecimento. Vera Lucia conta o marido saiu de casa no final de 1990: “Meu ex-marido teve uma reação estranha, não tomou partido, nunca participou de nenhum movimento”, afirma Vera Lucia, que logo passou encontrar apoio nas outras Mães de Acari.

A causa

Marilene Lima e Souza, 54 anos, e Vera Lucia são duas das mães mais envolvidas com a causa atualmente. Marilene, que também deixou o trabalho para dedicar-se à procurar pela filha, após 16 anos, constata: “Eu me desqualifiquei para o mercado”. A mãe de Rosana Souza Santos, que hoje estaria com 35 anos, tem outros quatro filhos, mas reconhece que a busca pela filha desaparecida “adormeceu não só profissional, mas a mãe e a mulher”. Logo no início da entrevista, realizada pouco antes de uma manifestação em frente ao Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, Marilene desabafou: “Eu tenho a certidão de nascimento, mas não tenho certidão de óbito da minha filha. As Mães de Acari são mães de filhos pobres, com dificuldade para criar seus filhos com dignidade e querem enterrá-los com dignidade”.

Márcia Pereira Leite, professora de sociologia da UERJ, considera que a decisão de tornar a dor pública representa um desejo de transformar o caso em uma causa. “Esta luta está muitas vezes relacionada ao ato de limpar a memória do próprio filho, fazer justiça e dar um sentido para que a morte dele não tenha sido em vão”, observa a pesquisadora, que ressalta ainda a importância da formação de uma rede de apoio mútuo e da troca de informações para que as mães conseguissem persistir.

Para Carlos Nobre, jornalista e autor do livro Mães de Acari: uma história de luta contra a impunidade, a ausência dos corpos favoreceu a reação das mães em busca de informações sobre o paradeiro de seus filhos: “houve um vácuo de corpos e isso despertou nas mães outro tipo de interesse, porque se houvesse corpos, elas iam enterrar e sepultar, iam se conformar porque já estavam acostumadas com uma ação de grupos paramilitares.”

Vera Lucia e Marilene, na década de 1990, conseguiram entrar em contato com movimentos de mães de vários lugares do mundo, chamando a atenção de organismos internacionais de defesa dos direitos humanos para o desaparecimento de suas filhas e dos outros seqüestrados. Marilene ressalta um aspecto positivo de carregar o “rótulo de Mãe de Acari”: “Hoje nós temos inserção Há uma grande família de mães de vítimas da violência”. No início, não eram recebidas nas delegacias e nem por autoridades. “Eles diziam que não iam receber mães chorando”, se queixa. Para Vera, o contato com a Anistia Internacional foi muito importante. “Hoje eu sei onde eu posso entrar. Eu entro, saio e as pessoas têm que me respeitar,” afirma.

A advogada responsável pelo caso Acari, Cristina Leonardo, diz que “as Mães de Acari foram precursoras no Brasil”. Seis anos após o desaparecimento dos 11 de Acari, a advogada organizou uma campanha com as Mães da Cinelância e de Acari. A campanha ganhou grande notoriedade ao ser envolvida na trama da novela Explode Coração, da autora Gloria Peres, exibida em horário nobre. “Como as Mães de Acari tinham mais experiência do que as que estavam ali na Candelária, eu coloquei elas como monitoras, como agentes multiplicadores”, explica a advogada, que foi assistente de acusação nas chacinas de Candelária e de Vigário Geral. As duas ocorreram em 1993 e deixaram um saldo de 29 mortos.

No início deste ano, em 15 janeiro, uma das Mães de Acari mais ativas à época, foi morta a tiros quando deixava um presídio, onde dava continuidade às suas investigações paralelas para descobrir o paradeiro de seu filho. Edméia, mãe de Luiz Henrique da Silva Euzébio, testemunhou a extorsão que estaria ligada ao desaparecimento de seu filho e dos amigos no sítio em Suruí. Vera Lucia conta que Edméia sofria várias ameaças. “Ela era uma líder na comunidade e recebia bilhetes para que calasse a boca”, relata Vera, para quem “a morte de Edméia derrubou o grupo”.

O coronel da Polícia Militar Walmir Alves Brum, que investigou o caso atuando na corregedoria da PM, acredita que “as mesma pessoas envolvidas na morte de Edméia estariam envolvidas na Chacina de Acari. O coronel afirma que recebeu informações sobre uma testemunha capaz de identificar os executores da Mães de Acari. A investigação está em curso no Ministério Público do Rio e Brum garante: “Só não vão chegar aos culpados se não quiserem, porque eu indiquei o mandante e os executores, mas não tenho atribuição para fazer esse tipo de investigação. Somente a Delegacia de Homicídios poderia fazer isso”.

No mesmo ano do assassinato da Mãe de Acari, Mário Luis de Andrade Ferreira (Mario Maluco) foi preso, julgado e absolvido por unanimidade. Brum afirma que ele próprio foi uma das testemunhas que inocentaram Mario Maluco. “Ele foi confundido. Só participaram policiais da morte de Edméia. Até havia um que não era policial, mas que tinha envolvimento com eles”, defende o coronel.

Quanto ao episódio da extorsão realizada por policiais, Brum afirma que, na época, esta foi devidamente esclarecida. “Mas por uma manobra que a gente não conhece bem, a promotora do caso, da auditoria militar, arquivou o procedimento. Isso é um fato que chamou atenção porque a motivação do crime foi a extorsão que acontecia dentro da favela.” O coronel acrescenta que “os policiais acharam que foram enganados pelos criminosos”.
Foto: Arquivo de Mãe entrevistada

Algumas referências:
Chacina de Acari prescreve neste domingo, após 20 anos:

FREITAS, Rita C. S. Mães de Acari: preparando a tinta e revirando a praça – um estudo sobre mães que lutam. Rio de Janeiro: Escola de Serviço Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. (Tese de Doutorado).

NOBRE, Carlos. Mães de Acari: uma história de protagonismo social. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Pallas, 2005.

______. Mães de Acari: uma história de luta contra a impunidade. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

BIRMAN, Patrícia (Org.) ; LEITE, Márcia Pereira (Org.) . Um Mural para a Dor: Movimentos cívico-religiosos por justiça e paz . Porto Alegre: UFRGS/Pronex, 2004.

sexta-feira, julho 23, 2010

Nixon confessa 'o erro do coração'

"I let down my friends. I let down the country. I let down our system of government and the dreams of all those young people that ought to get into government, but now they think it's all too corrupt... Yep, I let the American people down, and I have to carry that burden with me for the rest of my life. My political life is over."


Fonte: http://bit.ly/bjjqxV




Revi o filme Frost/ Nixon. Sensacional este trecho final da famosa entrevista, aqui reproduzida em sua versão real! No momento em que Nixon diz ter decepcionado todos (minuto 07'), o entrevistador é enquadrado no vídeo com os olhos marejados numa perplexidade paralizante... Parecia não acreditar no que conseguira 'arrancar' daquele rochedo humano. De repente, tão fragilizado e confesso.

Tentei lembrar de uma situação parecida no Brasil. Digo, busquei lembrar de uma confissão tão simbólica ou situação que o valha... Nada me ocorre. Não me deixarei levar, prometo, pelas inadequadas abordagens que valorizam a democracia norte-americana em face de nossos "desajustes" e "atrasos". Mas bem que faz falta uma passagem destas em nossos livros de história. Não o gate! Falo do 'acerto de contas'.

Poderia ser até mesmo algo do tipo: E no dia 31 de março de 2014, 50 anos depois do golpe civil-militar, os militares finalmente reconheceram, por meio de seu mais alto escalão, o terrorismo de Estado dirigido contra centenas de opositores do regime militar. O pedido público de desculpas às vítimas de torturas e àqueles que viveram o 'desaparecimento' de seus entes não apagou o passado. Ao contrário, inaugurou no Brasil um novo padrão de relacionamento com a história e a memória . Fade out.

A impunidade é apenas mais uma ideia/ prática de "longa duração"¹...

¹BRAUDEL, Fernand. "História e ciências sociais: a longa duração". In: Escritos sobre a história. SP: Perspectiva, 1978, pp. 41-77

quinta-feira, julho 22, 2010

sexta-feira, julho 16, 2010

Filosofia de vida:

"Antes da iluminação, cortar lenha e carregar água. Depois da iluminação, cortar lenha e carregar água."
Provérbio Zen

Acima, a homenagem para uma amiga... Que ela compreenda que as comparações do tipo "Fulana lembra você!" ou "Beltrana é a sua cara!" são todas causadas por ela mesma. Essa palavrinha saudade me obriga a tais aproximações ora! Quem mandou atender ao espírito nômade e partir pr'aquela cidade cinzenta?! :)


segunda-feira, julho 12, 2010

Amiga de infância...

"Agora, eu sento com ela no quintal, com vista pro cemitério, e fico apreciando a vista. Ela reclama do casamento, eu reclamo das aventuras da vida..."

segunda-feira, julho 05, 2010