terça-feira, outubro 25, 2011

Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

(cecília meireles)


O dia mais triste


Por Luiza de Castro


Amigo, é este o dia mais triste da minha vida.
Meus sonhos todos se desfizeram.
A ilusão do amor é a dor mais dor que existe.
É mais que estar triste,
É mais de sofrer ou padecer
É mais que morrer de cede
É mais que desfalecer
É desfalecendo, querer se enterrar
E ficar ali quieta, num 'jaz para sempre' infinito
Até a dor passar.
Não é uma ferida sangrando, nem um corte profundo.
É sentir que naquela dor invisível assenta-se toda a dor o mundo.
É a vontade de fazer sangrar, de enfiar o dedo no coração
Para que todos possam ver e lamentar
E que sofram junto, se possível.
Que possam compreender, e acarinhar,
e relevar a cara desencantada, e perdoar seu mau humor,
e falar coisas suaves, e moderar o tom da voz,
e propor um aconchego, e revelar as artimanhas secretas dos piratas do estreito de Bósforo
para desatar os nós.
E, por fim, lhe oferecer um fósforo aceso para explodir
todo sentimento que lhe corrói as entranhas como combustível para uma dor que ninguém vê,
ninguém sente. Só você. Só.

domingo, outubro 09, 2011




Em 2009 fiz uma musiquinha chamada Self made man. Na época pedi para o meu único e mais querido amigo, músico e poeta, para cuidar da melodia... Na minha cabeça a letra pede uma voz fofinha como a da Mallu Magalhães, assumindo uma sonoridade irônica. Mas pouco entendo de música, cifras etc. Este post é uma forma de pressionar o meu amigo para que, inspirado pelo recente movimento "Occupy Wall Street" (vídeo), ele faça uma melodia legal para a letra abaixo. E então, poeta?!

Self made man
Letra: Malu Muniz
Música: aguardando...

Self made man...Self made man...
me deixa andar por sua rua-parede
E eu pinto um mural pra você


Wall street, let me pass by
Wall street: only if you can buy


Self made man, me ensina a ser como você
Pra eu passar na sua TV...

Quero acessar a sua rede...
E pintar a sua parede...
Quero comer da sua big apple
Quero um pedaço da sua apple pie

apple pie: only if can buy
apple pie: only if can buy
Apple pie: only if can buy

Self made man, Self made man, Self made man

Me ensina a ser como você
Pra eu passar na sua TV...

Quero acessar... a sua rua-parede
Quero comer... a sua rede
Quero pintar... a sua big apple
Quero um pedaço... da sua TV

Wall Street, let me pass by
Wall Street: only if you can buy


Self made man, Self made man
Deix'eu raspar o seu arranha-céu estrelado
Quem sabe ele está premiado...

sexta-feira, outubro 07, 2011

Tempo de chuva...





Brasília, DF - É bem bonito ver a chuva caindo no solo depois de meses ausente. Para quem tem um pé (ou os dois) na poesia, torna-se naturalmente um convite para criação de versos, para rima... Mas qual palavra rima com chuva? Luva?! Mais fácil tentar rimar com sentimentos e desejos; com a vontade de renovar-se, com a procura pelo novo, com a espera pelas próximas estações, com o sentimento de uma continuidade (mas não de continuísmo). É com prazer que vejo o mato seco, cor de papel pardo, mudando de cor, encharcado. Não se trata de um parnasianismo deslocado ou um fugere urbem em pleno século XXI. É mais um deixar-se tocar pela Pachamama, numa perspectiva de integração com novas dimensões da vida, com novos tempos e espaços. Trata-se de uma busca constante que nutrimos, ainda que abrigados em nossos automóveis, aguardando o sinal abrir caminho para a próxima estação. É tempo de chuva!