terça-feira, outubro 25, 2011

Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

(cecília meireles)


O dia mais triste


Por Luiza de Castro


Amigo, é este o dia mais triste da minha vida.
Meus sonhos todos se desfizeram.
A ilusão do amor é a dor mais dor que existe.
É mais que estar triste,
É mais de sofrer ou padecer
É mais que morrer de cede
É mais que desfalecer
É desfalecendo, querer se enterrar
E ficar ali quieta, num 'jaz para sempre' infinito
Até a dor passar.
Não é uma ferida sangrando, nem um corte profundo.
É sentir que naquela dor invisível assenta-se toda a dor o mundo.
É a vontade de fazer sangrar, de enfiar o dedo no coração
Para que todos possam ver e lamentar
E que sofram junto, se possível.
Que possam compreender, e acarinhar,
e relevar a cara desencantada, e perdoar seu mau humor,
e falar coisas suaves, e moderar o tom da voz,
e propor um aconchego, e revelar as artimanhas secretas dos piratas do estreito de Bósforo
para desatar os nós.
E, por fim, lhe oferecer um fósforo aceso para explodir
todo sentimento que lhe corrói as entranhas como combustível para uma dor que ninguém vê,
ninguém sente. Só você. Só.

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