segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Niteroiense... clandestina!

Brasília, 6 de fevereiro de 2011
Manu Chao - Clandestino

E vale como homenagem à odisseia de tentar obter uma nova identidade, um número que me identifique como cidadã brasileira... Antes, devo precisar de um outro numerozinho que me identifique como aquela que aguarda na fila para ser atendida, entre outros tantos que também buscam seus documentos numerados. A caminho da fila uma senhora de cadeira de rodas faz questão de me indicar o caminho até o guichê. Puxa-me pela Frida Khalo, a bolsa, dizendo que gostaria de ter uma igualzinha... "Quero uma dessa. Onde posso comprar uma dessa?" Não cheguei a lhe contar, mas foi artigo peculiar garimpado em lojinha numa galeria fofinha da Corrientes, Buenos Aires. A moça me deu o privilégio de acompanhá-la até o subsolo no elevador que traz uma placa retangular com um visível "EXCLUSIVO".  Ela me chama de "Neném" para indicar que eu entre e segure a porta automática para ela avançar com suas rodas aparentemente pesadas. Noto seus pés inchados com meias sufocantes -tudo aparentemente. A voz eletrônica informa que é hora de deixa o elevador seguir seu curso e ela dialoga, informando que ainda não embarcou completamente. A viagem é curtíssima. Pronto, chegamos! Ela tem seus justos privilégios e vai logo passando a frente na enorme fila, que não chega a ser uma fila, mas um pequeno amontoado de pessoas em busca de um papel. A "Neném" aqui fica perdidinha, tentando encontrar alguém que lhe informe os "ondes" e "comos" necessários. Em poucos (!) minutos descubro que a pergunta certa seria também "como que roupa eu vou?".  A foto da identidade não pode ser tirada com os ombros desnudos e eu estou com uma tomara que caia especialmente selecionada no armário para enfrentar o calor de mais de 30ºC - segundo minha sensação térmica que não me engana. Sem lenço nem documento, por enquanto, volto para casa. Ainda preciso resgatar minha certidão de nascimento para dar entrada no pedido por uma nova identidade, um número que me diga quem eu sou... Mentira. Uma sequencia numérica não vai dar conta dessa informação. Isso é o tipo de coisa que quando descubro é porque mudou tudo e parto em busca de nova identidade. 

"Niteroiense clandestina!"  

Clandestino
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Pa' una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la dejé
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley
Mano Negra clandestina
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Argelino clandestino
Nigeriano clandestino
Boliviano clandestino
Mano negra ilegal


***





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