domingo, junho 10, 2007

Série Desconhecidos: Alheio







Estava entre elas e não estava. Enquanto pude testemunhar, estava alheio. Parecia estático com seu ar europeu, mas seus olhos... De novo os olhos...

Se o corpo de fato fala, confesso que não consegui escutar o que diziam suas mãos descansadas sobre a perna e a bengala. Entre as outras ele estava estático, por isso creio que já há alguns minutos havia saído daquele banco e talvez percorresse espaços outros, distantes daquela praça.








Mãos e pernas dialogavam entre si. Cruzadas em sinal de retração, talvez. Espalmadas, em sinal de prontidão, possivelmente. E as dele alheias, em sinal de distração. É provável que as últimas assim se mantivessem por não valer a pena retrair-se e porque, talvez, nem sempre seja requisito básico estar pronto e atento. "Distraia-se", me disse aquele senhor. "Relaxe", sugeriram suas mãos e pernas. Alheias, embora despertas.

***
Citação: "A gente acaba se acostumando com a chegada dos anos, eu pensei, enquanto as luzes iam se apagando na Avenida Montaigne. E prometi a mim mesmo que em 2007 eu ia mudar alguma coisa. E resolvi que havia de ser essa mania besta de deixar o coração na prateleira, ao alcance da mãe de alguém que já lhe quer tocar..." (Miguel Falabela, sem preconceitos!)

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