Tenho fixação por jornais velhos. Verdadeira tara por algo que precise conferir daqui a alguns anos e que, por ter despejado no lixo aquele velho jornal, fique eternamente sem saber. Sim, é um drama. Nunca disse que não gostava de dramas. Minha obsessão é pelas informações que, com certeza, passarão despercebidas na primeira leitura. Na verdade, admito, minha obsessão é justamente por aquelas que não absorvo. Terrível condição humana esta que Deus – para quem acredita, claro – criou... O jornal de ontem é por demais interessante aos meus olhos, pois representa um desafio e me impõe debochadamente uma pergunta: o que ficou por saber? Qual parte dessas folhas, em breve amareladas, não absorvi?
Tenho fixação por jornais velhos. E, hoje que vejo seus esqueletos na tela do computador, meus sintomas se agravam terrivelmente, posto que a sensação passou a anteceder a impressão. À medida que ele – esse jovem que já nasce adoecido pela velhice precoce – vai ficando pronto, começam as perguntas. O que faltou? O que sobra? O que está fora do seu lugar?
Certo dia, uma colega, famosa por emitir opiniões contundentes, me surpreendeu com uma simples constatação, quando viu minha cara de insatisfação ao olhar no jornal do dia o produto do meu trabalho.
– Foi impresso... - disse com seu infalível sorriso irônico.
Tenho fixação por jornais velhos. E, hoje que vejo seus esqueletos na tela do computador, meus sintomas se agravam terrivelmente, posto que a sensação passou a anteceder a impressão. À medida que ele – esse jovem que já nasce adoecido pela velhice precoce – vai ficando pronto, começam as perguntas. O que faltou? O que sobra? O que está fora do seu lugar?
Certo dia, uma colega, famosa por emitir opiniões contundentes, me surpreendeu com uma simples constatação, quando viu minha cara de insatisfação ao olhar no jornal do dia o produto do meu trabalho.
– Foi impresso... - disse com seu infalível sorriso irônico.
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- Mete um calhau, mete um calhau!
Diz ela que acordou com essas palavras depois de um pesadelo em que a sua apuração não condizia com o espaço e diagramação da matéria na página do jornal.
Depois de se desesperar tentando inventar os fatos (como se essa não fosse um pouco nossa tarefa, confesso...), ela se rendeu ao tapa-buraco oficial do jornalismo e pediu, implorou:
- Mete um calhau, mete um calhau!
Tentou antes dialogar com o editor, dizer que havia sido pautada para fazer uma matéria menor, totalmente diferente... Em vão. E para não deixar o vão, pois isso é coisa inaceitável, apelou:
- Mete um calhau!
Sim, há vãos. Mas não representam a sobra de espaço e sim a falta de informação. Remédio: criatividade. Ou então...
- Mete um calhau!
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