...não se podem deixar para depois
Affonso Romano de Sant'Anna
lido em: http://comcult.blogspot.com/
Certas coisas
não se podem deixar para depois.
Muitos poemas perdipensando: "depois escrevo",
"agora estou almoçando"
ou "consertando a porta".
Assim, adiei - perdi o melhor de mim.
Certas coisas não se podem deixar para depois,
e nisto incluo; frutos no galho,
mudanças sociais,
certas coxas e bocas
e esta manhã que se esvai.
Certas coisas não se podem deixar para depois,
o amor não se adia
como se adiam o imposto,
a viagem, a utopia,
o desejo sabe o que quer,
detesta burocracia.
Feito depois,
o amor é murcha lembrança
do que, não sendo, seria
Certas coisas
não se podem deixar para depois.
Como o amor e as pessoas,
não se pode recuperar
a poesia.
segunda-feira, abril 09, 2007
sábado, abril 07, 2007
Nova temporada!
“O que estiver ao meu alcance também estará ao seu.”
De tantas palavras supérfluas, estas ressoaram por muito tempo... Menos do que o necessário para que ela enjoasse de tanto ouvi-las e mais do que devido para que ela conseguisse esquecê-las.
Já se passava um semestre desde que ela leu essas palavras pela primeira vez, pensando se tratar apenas de uma introdução para muitas outras...
Mas a história durou o tempo de um suspiro. Nem mais, nem menos.
E ela ainda hoje se pergunta: por que não estava ao alcance dele escrever outras linhas se a introdução prometia tantas mais?
Presa a estas palavras, ela não conseguiu buscar outras experiências que estivessem ao alcance dos seus olhos, mãos e lábios.
Já era famosa sua dificuldade de deixar de banhar-se nas águas que não movem moinhos. Era famosa sua teimosia quanto à insistência do tempo em passar, atropelando o tempo de suas emoções e sentimentos. Era notória sua limitação em aceitar que nas batalhas contra esse senhor, invariavelmente, suas emoções eram os despojos dos quais ela se recusava a abrir mão.
Por isso, ainda lembrava da mensagem “Possíveis desculpas”, uma desculpa para a aproximação. Por isso, ainda lembrava que ficaram devendo um ao outro o Lago dos Cisnes no balcão nobre do Teatro Municipal, às 20h de uma sexta-feira. Preço popular!
Por isso, quando leu no jornal que a temporada do ballet estava de volta sentiu um impulso fortíssimo de repetir o convite. Mas a história não se repete. Apenas como farsa, garantiu o filósofo.
E de farsas ela estava cansada. Ela ansiava por uma realidade bem reluzente, bem forte e intensa! Uma verdade que a fizesse perder o ar e sentir aquele frio na barriga, como quando pequena que o balanço ia lá ao alto e tudo ao redor passava borrado e atemporal...
De tantas palavras supérfluas, estas ressoaram por muito tempo... Menos do que o necessário para que ela enjoasse de tanto ouvi-las e mais do que devido para que ela conseguisse esquecê-las.
Já se passava um semestre desde que ela leu essas palavras pela primeira vez, pensando se tratar apenas de uma introdução para muitas outras...
Mas a história durou o tempo de um suspiro. Nem mais, nem menos.
E ela ainda hoje se pergunta: por que não estava ao alcance dele escrever outras linhas se a introdução prometia tantas mais?
Presa a estas palavras, ela não conseguiu buscar outras experiências que estivessem ao alcance dos seus olhos, mãos e lábios.
Já era famosa sua dificuldade de deixar de banhar-se nas águas que não movem moinhos. Era famosa sua teimosia quanto à insistência do tempo em passar, atropelando o tempo de suas emoções e sentimentos. Era notória sua limitação em aceitar que nas batalhas contra esse senhor, invariavelmente, suas emoções eram os despojos dos quais ela se recusava a abrir mão.
Por isso, ainda lembrava da mensagem “Possíveis desculpas”, uma desculpa para a aproximação. Por isso, ainda lembrava que ficaram devendo um ao outro o Lago dos Cisnes no balcão nobre do Teatro Municipal, às 20h de uma sexta-feira. Preço popular!
Por isso, quando leu no jornal que a temporada do ballet estava de volta sentiu um impulso fortíssimo de repetir o convite. Mas a história não se repete. Apenas como farsa, garantiu o filósofo.
E de farsas ela estava cansada. Ela ansiava por uma realidade bem reluzente, bem forte e intensa! Uma verdade que a fizesse perder o ar e sentir aquele frio na barriga, como quando pequena que o balanço ia lá ao alto e tudo ao redor passava borrado e atemporal...
Assinar:
Postagens (Atom)