quinta-feira, março 29, 2007

Nós e nós


Meus ombros estão doendo demais ultimamente!


Para mim é difícil descrever uma dor, mas posso dizer que, ao final de um dia inteiro, não raro desejo poder colocar os ombros de lado e descansar...



A questão não se resume aos ombros, mas ao peso que eles acumulam. E não é que eu queira dizer ' oh! como é grande minha cruz'. Sequer carrego uma.


Tudo é, relativamente, muito fácil para mim. Se bem que, relativamente, quase tudo é alguma coisa.


Mas, como ia dizendo, sou uma pessoa privilegiada. E nem vou listar o que me leva a afirmar isso, pois alguns poderiam pensar que estou contando vantagem. E longe de mim fazer isso!


A pergunta da vez poderia ser: 'Então, que peso é esse sobre os ombros?'


E direi: 'Não está sobre, está nos ombros'.


Cada nó que dói, cada músculo, cada articulação da região contém uma dúvida, uma preocupação, um receio, um pedaço de mágoa, uma decepção...


São coisas inúteis, cuja única função é amarrar bem apertado os nós que doem horrores na região dos meus ombros.


E, claro, não poderia faltar, uma dessas amarras são as lembranças. Lembranças suas. As palavras, os gestos, as mensagens, as omissões...


E essas últimas... São elas que amarram o nó que mais dói, que vai subindo pelo pescoço e me tirando a capacidade de girar a cabeça, de olhar ao meu redor, de esquecer e continuar.


Tlack!


Uma onomatopéia não muito fiel para traduzir em uma palavra o barulho do nó quando tento suavizar a dor.


Fecho os olhos. Jogo a cabeça para um lado, para o outro, para frente, para trás... E, de novo no eixo, ela pesa menos e os nós parecem mais fracos, mais frouxos.


Meu corpo pede mais pausa.


sexta-feira, março 16, 2007

Bobeiras...

Bom, vou começar assim…

-Onde estão minhas asas que deixei com você?

E depois vou prosseguir assim...

-Acho que deixei em algum canto do canto seu quarto...


Não. Péssimo! Apaga toda essa baboseira.

Não vou deixar tão claro... Preparar disfarce.

- Eu esqueci algo com você? Quem sabe aquele pedacinho minúsculo de coração que te emprestei, lembra?

Não. Horrível! Ele vai dizer que não se lembra e que nunca pediu nada emprestado. Aí mesmo que eu vou despencar 40 andares em queda livre.



***


Não pensei que o tempo passaria tão rápido. E tão rápido perderia as palavras antes tão fartas entre nós. Ainda estou sem entender nada. Não restou sequer uma carta para as explicações finais. Só o abraço no parque e um para cada lado...

Os versos evaporaram com as metáforas... Lembro de você às vezes, quando não há muito o que fazer, quando canso de pensar no presente, quando transbordo de pretensões em relação ao futuro. Só então recolho alguns velhos pensamentos, amarrotados entre as roupas.

Na verdade, lembro de você também quando me perfumo. Ah, lembro quando passo pelos nossos lugares e sigo os passos que caminhamos juntos... E se fizer um esforço - não tão grande, admito - posso até ouvir nossos diálogos. Tínhamos uma rua. Mas escutei outro dia que essa rua não era só nossa. Se essa, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava apagar. Mas - lamento - ela permaneceria na minha lembrança. Eita! Por que tinha que existir essa coisa que faz a gente desacelerar o carro quando passa em frente àquele lugar especial... Droga!

Ainda tenho que contornar meu receio de ser descoberta em minha nostalgia secreta. Os outros nem podem sonhar, mas esqueci minhas asas no chão do seu quarto. Se achar, não precisa me devolver. Elas já não servem. Certamente, estão pequenas para mim.

Pois é... Acho que cresci um pouco nesses últimos tempos.






Pôr do sol na estrada...

quinta-feira, março 15, 2007

É amigo (Em ritmo de samba-canção...)

É amigo, fica quietinho aí no peito...
Ainda não é hora de saltar.
Sei que já te prometi mil vezes
Mas espera um pouco mais...
Nossa forra há de chegar.

Sossega aí do lado
E desculpe pelo falso alarme
Perdoe se de novo fiz você se aprumar
Para a festa do porvir

Eu também pensei
Que nossa hora havia chegado
Mas estou aqui no meio do salão
Sem par nem convite

Eu sei, rapaz
Que não estavas preparado
Para esse precoce desquite...

Confesso: também perdi o ritmo dessa vez
E me pergunto:
“Se foi para desfazer,
Por que é que [ela] fez?!”

Está certo, companheiro...
Que a rima é fraca
E a cantoria desafinada
Mas, vamos, se aquieta um pouco
E curte a madrugada.

Estou tão surpreso quanto você
Mas sabemos de cor e salteado
Nada é tão duradouro
Que um dia não vire passado.

terça-feira, março 13, 2007

The ticket...

Não deixe que estas palavras façam parecer que eu não estou bem. Esta não é a imagem que deve ficar registrada. Sim, não sei direito para onde estou indo, mas isso não é novidade. A boa nova é que antes ninguém esperava que eu chegasse a algum lugar. Apenas eu.

Bom, she's got a ticket to ride and she do care! "She" sou eu. Essa música está martelando na minha cabeça desde segunda-feira. Acho que por eu ter pego a estrada no fim de semana. Estava precisando. A bicicleta está quebrada. Lembra?! Ainda com aquele problema da corrente. Eu pedalo, pedalo e pareço não sair do lugar. Se pelo menos estivesse em uma ladeira... Mas quem pode garantir que os freios funcionariam?

Tenho sonhos estranhos e turbulentos. Sonho que os prazos me atropelam. Ou seria o dia de ontem? Os prazos sempre me atropelaram. Esta também não é a novidade. A boa nova é que antes ninguém espera que eu os cumprisse. Tenho ganho a batalha. Eu 1 x 0 Relógio. Não, não estou pretendendo chegar ao milésimo ponto. E, felizmente, ninguém espera que eu faça isso.

"She's got a ticket to ride..."