Uma tinta vermelha coloria o chão. Na verdade, não era uma tinta. Na verdade, não predominava. Aquele vermelho forte que simboliza paixões, que arrebata multidões, que é pano de fundo de uma luta quase tão antiga quanto o pecado original; aquele mesmo vermelho lambuzava toalha e roupas, mas apenas respingava sobre as folhas secas do outono.
O cenário faria qualquer espectador recém-chegado apostar que houvera um confronto. As tábuas que antes serviam para esconder um corpo ensaboado agora estavam caídas. O banheiro improvisado ruíra. Nenhum grande estrago, se compararmos às quedas históricas (a Bastilha, a Bolsa em 29, o Muro de Berlim...) Assim, a queda de um mísero W.C não é nada se comparada a de um W.T.C.
Nenhum dos dois lutadores saberia naquele momento distinguir por onde escorria o sangue. Estamos naqueles ínfimos segundos entre o corte e a dor. Não tenho experiências com cortes. Até poderia falar sobre uma vez que fui tentar descascar uma laranja e “Ai!” Só uma pontada. Outras tantas, quando faço exame de sangue, o médico nunca encontra minha veia. Uma, duas, três... até cinco tentativas. Só uma espetatinha e depois vejo meu sangue jorrar para dentro do tubo de ensaio. Lindo! Não tenho muitas experiências com dores, não com as físicas. Mais com aquelas que desatinam sem doer.
Cá estou eu novamente me intrometendo em uma história que não é a minha. Assim sendo, não vou tentar descrever o corte, a dor, tampouco o amor. Antes de prosseguir, acabo de lembrar de um filme: “O óleo de Lorenzo”. Os pais de um garotinho lutam para curá-lo de uma grave doença. Daí, quando o filho já está quase inconsciente, a mãe fala algo como: “Lorenzo, fale para o seu dedo mindinho falar para sua mão falar para o cérebro ordenar que ele mexa." Acho que é esse o caminho a ser percorrido - mindinho-mão-cérebro-mindinho. Uma música tocante, minhas lágrimas embaçando a visão, Lorenzo aéreo e de repente... O mindinho mexe! Aleluia! Quase desidrato de tanto chorar.
Bom, assim aconteceu. O dedo falou para a mão para falar para o cérebro... “Ai, sua vadia! Você me cortou!” Ofegante e assustada, a autora da obra estava caída sobre as tábuas daquilo que minutos antes era um banheiro. Levantou a cabeça. Como doía! Doía o corpo inteiro. O homem a olhava, furioso, enquanto tentava estancar o sangue com uma toalha.
Em sua mão esquerda Malu ainda segurava o canivete, mas alguma coisa escapulira da outra mão(!!!). Ao perceber uma certa mudança na feição daquele homem, ela rapidamente se deu conta do que faltava. “Vou gritar!” Ameaçou, mas não gritou. Ficou quietinha, em silêncio. Aos poucos sua respiração foi ficando menos descompassada. Os enormes olhos azuis daquele homem foram ficando maiores e mais azuis, à medida que iam se aproximando...
O cenário faria qualquer espectador recém-chegado apostar que houvera um confronto. As tábuas que antes serviam para esconder um corpo ensaboado agora estavam caídas. O banheiro improvisado ruíra. Nenhum grande estrago, se compararmos às quedas históricas (a Bastilha, a Bolsa em 29, o Muro de Berlim...) Assim, a queda de um mísero W.C não é nada se comparada a de um W.T.C.
Nenhum dos dois lutadores saberia naquele momento distinguir por onde escorria o sangue. Estamos naqueles ínfimos segundos entre o corte e a dor. Não tenho experiências com cortes. Até poderia falar sobre uma vez que fui tentar descascar uma laranja e “Ai!” Só uma pontada. Outras tantas, quando faço exame de sangue, o médico nunca encontra minha veia. Uma, duas, três... até cinco tentativas. Só uma espetatinha e depois vejo meu sangue jorrar para dentro do tubo de ensaio. Lindo! Não tenho muitas experiências com dores, não com as físicas. Mais com aquelas que desatinam sem doer.
Cá estou eu novamente me intrometendo em uma história que não é a minha. Assim sendo, não vou tentar descrever o corte, a dor, tampouco o amor. Antes de prosseguir, acabo de lembrar de um filme: “O óleo de Lorenzo”. Os pais de um garotinho lutam para curá-lo de uma grave doença. Daí, quando o filho já está quase inconsciente, a mãe fala algo como: “Lorenzo, fale para o seu dedo mindinho falar para sua mão falar para o cérebro ordenar que ele mexa." Acho que é esse o caminho a ser percorrido - mindinho-mão-cérebro-mindinho. Uma música tocante, minhas lágrimas embaçando a visão, Lorenzo aéreo e de repente... O mindinho mexe! Aleluia! Quase desidrato de tanto chorar.
Bom, assim aconteceu. O dedo falou para a mão para falar para o cérebro... “Ai, sua vadia! Você me cortou!” Ofegante e assustada, a autora da obra estava caída sobre as tábuas daquilo que minutos antes era um banheiro. Levantou a cabeça. Como doía! Doía o corpo inteiro. O homem a olhava, furioso, enquanto tentava estancar o sangue com uma toalha.
Em sua mão esquerda Malu ainda segurava o canivete, mas alguma coisa escapulira da outra mão(!!!). Ao perceber uma certa mudança na feição daquele homem, ela rapidamente se deu conta do que faltava. “Vou gritar!” Ameaçou, mas não gritou. Ficou quietinha, em silêncio. Aos poucos sua respiração foi ficando menos descompassada. Os enormes olhos azuis daquele homem foram ficando maiores e mais azuis, à medida que iam se aproximando...
5 comentários:
Poxa Malu,não faça isso conosco!
Interromper a narrativa no clímax é pura maldade.Malu como você é má!
Mata o desgraçado, Malu!! hehe
instigante, hein?!
Oh, e agora? Quem poderá lhe socorrer?...
PS.:Genial a parte do W.C. x W.T.C!
PS2.: Essa parte poderia ser explorada em linguagem de Fotolog.
Vou deixar de ler só pra ler tudo de uma vez. Quantos posts faltam? Hein???
Muito bom! E tenho que concordar com o Vitor, a parte do WC e do WTC é genial!
Tá demorando, hein!!!
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