sexta-feira, junho 24, 2005
Posto que...
segunda-feira, junho 13, 2005
MALU SEM BICICLETA...
Malu está sem bicicleta...Desolada!
Sem bicicleta não há cabelos esvoaçantes, não há viagem, nem viajante, não há estrada percorrida, não há idas, nem vindas.
Ela espera. Quem sabe sua bicicleta apareça... Antes disso, não arreda o pé! Implora que o indivíduo que a surrupiou, por favor, se compadeça.
Nem precisa se desculpar. É só deixá-la paradinha, fazendo força sobre o descanso. Não precisa fazer barulho, nem chamar atenção...
Malu espera e não se desespera.
Próximo à estrada, passa um velho trilho e a cada 12 horas passa um trem, fazendo algazarra, marcando a hora. Marca o tempo, que não passa, que insiste em permanecer lento...
Tivesse duas rodas sobre os pés, iria ligeiro, sem vacilar. Correria como a bicicleta que Malu insiste em esperar.
terça-feira, junho 07, 2005
O SOL NASCE PARA (QUASE) TODOS
desenho de Álvaro Lucas
Na última vez que soubemos de algo sobre nossa ciclista, ela estava perdida.
Gripada e enfraquecida pelo cansaço, Malu foi acolhida por uma pequena comunidade, escondida em meio à natureza. Então, Malu de bicicleta sentiu que precisava estacionar sua parceira por alguns dias. E assim o fez.
Vivendo num outro ritmo, longe do barulho invasivo das buzinas e dos sinais fechados, Malu conheceu algumas pessoas, fez amizades e já deixou saudades... Mas também carrega na bagagem muitas lembranças; e o desenho de um amigo afeito à arte de retratar a vida com um pouco de cor.
Difícil, para quem depende do colorido que, curiosamente, chega de vez em quando na forma de lápis, vindos de alguma cinzenta cidade.
Engraçado, pois, junto a uma comunidade tão cheia de carências, Malu de bicicleta supriu as suas próprias; ensinando e aprendendo, ouvindo antigas histórias, trocando experiências...
O sol raiou...
E esquentou aqueles dias frios que Malu e sua bicicleta enfrentaram.
"Bom para pedalar!", ela deve ter pensado... Foi embora.
Sem tristes despedidas. Em cima da cama de palha, improvisada para uma inusitada visita, Malu de bicicleta deixaria um bilhete, se soubesse o que escrever.
Deixou seu lenço de estimação. Não teria muita utilidade. Nem era para ter.