"True reconciliation does not consist in merely
forgetting the past."
Um amigo me contou como foi interessante ver o paradoxo de o herói do faroeste americano dirigir um filme com trechos tão delicados e sensíveis, e ainda sobre um homem que inspira sentimentos de superação e conciliação. Compreendi o que ele quis dizer ao ver Invictus, de Clint Eastwood. Não falo da superação que ignora as desigualdades inerentes à lógica que se sobrepõe. E tampouco da conciliação "pelo alto", que sobrepõe sua lógica perversa de esquecimento e silêncio... (Vide o pouco lembrado, quase ignorado, aniversário do golpe de 31 de março 1964; ou seria 1º de abril?)
Já falei aqui sobre Nelson Mandela. Agora volto ao seu nome, mas com a desculpa de comentar o filme Invictus que vi há pouco. Não chega a ser uma coincidência que um momento de profunda melancolia tenha antecedido meus dois recentes 'contatos' com Mandiba* - através do documentário e da ficção. Não é casual que ambos tenham resultado, em momentos distintos, num sentimento de gostoso fortalecimento. Para usar uma palavra chave do filme, chego a sentir essa inspiração chegando perto...
Se uma informação qualquer exige que emissor e receptor sejam atuantes para fluir, eu fiz a minha parte. Estava receptiva à mensagem. Mesmo com os clichês de uma produção hollywoodiana, com suas mensagens de superação, união, patriotismo... E isso não necessariamente possui um caráter negativo, embora sejam bastante incômodos aqueles famosos discursos pré-batalha, do "nós" versus o "outro", onde a vitória de um (o bem) significa necessariamente a derrota do outro (o mal). Eis que multiplicam-se no cinema verdadeiras cruzadas. Aliás, essa divagação me lembra que preciso ver Guerra ao terror. Soube que a tradução do título é pra lá de infeliz!
No filme de Eastwood, por sua vez, a história fez prevalecer uma ampliação do "nós" com a incorporação, ainda que gradual, do "outro". É, nesse sentido, até interessante observar as cenas finais exploradas em câmera lenta, onde jogadores adversários formam um conjunto aparentemente uno, indiviso. Na tela vemos a delicadeza improvável de um balet "tribal" entre adversários e companheiros sobrepostos, imprensados uns contra os outros.
Além disso, Morgan Freeman (free man... vem a calhar!) me convenceu e cativou como Mandela.
Enfim, gostei! Vi com a emoção de hoje e ela, quem sabe, ajudou a acrescentar o que Eastwood, talvez, não conseguiu.
Já falei aqui sobre Nelson Mandela. Agora volto ao seu nome, mas com a desculpa de comentar o filme Invictus que vi há pouco. Não chega a ser uma coincidência que um momento de profunda melancolia tenha antecedido meus dois recentes 'contatos' com Mandiba* - através do documentário e da ficção. Não é casual que ambos tenham resultado, em momentos distintos, num sentimento de gostoso fortalecimento. Para usar uma palavra chave do filme, chego a sentir essa inspiração chegando perto...
Se uma informação qualquer exige que emissor e receptor sejam atuantes para fluir, eu fiz a minha parte. Estava receptiva à mensagem. Mesmo com os clichês de uma produção hollywoodiana, com suas mensagens de superação, união, patriotismo... E isso não necessariamente possui um caráter negativo, embora sejam bastante incômodos aqueles famosos discursos pré-batalha, do "nós" versus o "outro", onde a vitória de um (o bem) significa necessariamente a derrota do outro (o mal). Eis que multiplicam-se no cinema verdadeiras cruzadas. Aliás, essa divagação me lembra que preciso ver Guerra ao terror. Soube que a tradução do título é pra lá de infeliz!
No filme de Eastwood, por sua vez, a história fez prevalecer uma ampliação do "nós" com a incorporação, ainda que gradual, do "outro". É, nesse sentido, até interessante observar as cenas finais exploradas em câmera lenta, onde jogadores adversários formam um conjunto aparentemente uno, indiviso. Na tela vemos a delicadeza improvável de um balet "tribal" entre adversários e companheiros sobrepostos, imprensados uns contra os outros.
Além disso, Morgan Freeman (free man... vem a calhar!) me convenceu e cativou como Mandela.
Enfim, gostei! Vi com a emoção de hoje e ela, quem sabe, ajudou a acrescentar o que Eastwood, talvez, não conseguiu.
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*Nelson Mandela no filme é chamado por diferentes nomes...Entre os quais estão Tata Mandiba Mandela. Os dois primeiros possuem cada um significados importantes dentro da cultura sul-africana:
Tata - pai
Mandiba - Esse nome é muito mais importante que um sobrenome, já que se refere ao ancestral de quem a pessoa descende. Mandiba era o nome de um chefe Thembu que liderou em Transkei no século 18. Considera-se bastante cortez chamar alguém pelo nome de seu clã.
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William Ernest Henley (Invictus)
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
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