segunda-feira, março 15, 2010

Apresentando um poeta...

Há algum tempo estou querendo apresentar o livro (acima) do historiador, poeta, músico e amigo Guilherme Gonçalves. Até para mim, que conheço o autor desde que cursamos História no delicioso campus da UniRio, na Urca, foi uma grata surpresa abrir O peso da pena e as primeiras alegorias. Nos detalhes, Guilherme nos leva a viajar pelo mundo das suas profundas e deliciosas reflexões... Suas primeiras alegorias tem variadas trilhas sonoras: desde o poema Eu e ele - escrito ao som de Radiohead -, até Shiva, acompanhado pela Bachiana brasileira nº5 (Ária Cantilena). Em Contrações, ao som de Björk, a forma do poema incorpora a imagem do título; um vai e vem de metáforas àsperas e singelas.

Política, amor, sexo, paixão, alienação, História, golpes e revoluções, dor e êxtase: tudo é matéria prima.


"...o mundo
se abre com pernas de Afrodite
exalando odores íntimos
e pare, o amanhã descolando seus pulmões
espumando azul, meu coração não suporta
ouvir seu choro, lindo, lindo, como sempre soube"

(...)

"sinto-o chutar meu ventre seco
liquefazendo-me, em contrações
a viver o corpo entrevado que se agita"

Projeto 2009: o livro
A ideia, o conteúdo, a forma; tudo ganhou a marca da sensibilidade desse outro Gonçalves que, além de autor, assina o projeto editorial. Não sei ao certo quanto tempo demorou para a conclusão d'O peso da pena, mas sei que a concepção foi pra lá de demorada. Há um bom tempo escuto-o falando sobre o rebento que um dia viria ao mundo como produção independente. O projeto, concluído com a impressão de algumas dezenas de exemplares, dá agora lugar a outro: divulgar ainda mais suas alegorias. Quem sabe alguma editora não se habilita e dá uma forcinha?!

Produção independente

Ao contrário das concepções in vitro, a de Guilherme ocorrera 'na expansão do universo.' Suas intensas palavras versam sobre as coisas gigantes: "A saga do poeta é aspirar ao total, e diante do total, há muito pouco a ser dito". Talvez por isso, numa dialética bem armada, Guilherme acabe se dedicado a "capturar a fração, o instante preciso de sua revelação". A erudição do autor é somada à sua capacidade de sentir e de deixar-se afetar pela grandeza das coisas prosaicas, bem como pelo cotidiano das grandes experiências e potenciais transformações.

"Pois a tarefa de gentilizar o homem é a pena mais pesada
e a pena, não esqueçamos, por mais longa e pesarosa,
é também a memória da asa".


Com esse livro, por fim, Guilherme nos mostra uma forma muito boa de driblar "o peso da pena". Talvez deixando jorrar toda sua tinta sobre um papel, dando a ela o formato de belas poesias.





contato com o autor: guilherme_sazonal@hotmail.com

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