Não é hoje que essa pedra vai sair daqui...
Não, não é hoje e nem amanhã. Eu sei. Pode demorar anos até que a erosão seja concluída e quando isso acontecer, talvez (eu disse: talvez), eu já tenha me esquecido porque ela foi parar cá em cima.
Acho pouco provável, mas é possível que um dia esta pedra tão familiar e tão parte de mim já não faça mais sentido sob meus ombros, pesando com força e entortando minha coluna, antes tão ereta.
Pode ser (eu disse: pode ser...) que um dia não faça mais sentido carregar este fardo, esta herança judaico-cristã, esse carma ou seja lá o nome que queiram lhe atribuir. Para mim pouco importa!
Pode ser que um dia (eu disse: um dia...) eu canse de curvar meu pescoço e outorgue minha liberdade. Então, vou perceber que nunca houve correntes, que nunca houve tranca, nunca houve sequer porta! Eram apenas janelas, todas abertas, todas exibidas com vasos de flores campestres e cortinas rendadas.
E direi: "Que tonta eu fui! São apenas janelas!"
Vou me debruçar sobre uma delas, sondar a paisagem e contar até 3:
- Um, dois...
5 comentários:
é bem a teoria do véu... separados como se o fosse por um véu. o texto, o seu texto, é maravilhoso, destarte o tema. diga três, soon as possible...
Parece que não era...
:(
Não existe véu. Só a realidade...
se vc já sabe que 'pode ser quem sabe um dia', talvez seja o caso de começar a pensar em largar a pedra e espiar pelas janelas.
vai que a paisagem lá fora te dá coragem de sair voando...
=)
beijo
Migá, desculpe a ausência, tenho trabalhado um cadim a mais esse mês. Aparecerei mais!
Beijos
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