Abaixo, o primeiro post da Série Correspondências:
08. 02. 02
"Estou em casa, mais precisamente no quarto dos meus pais. Tenho um cartão telefônico na minha frente. Estou deitado. Na bela paisagem do cartão vejo nuvens, vejo árvores, vejo água, vejo casa. Vejo muita coisa. Só não vejo gente. Faltam pessoas para compor a paisagem, sinto que falta. É praticamente um Romeu e Julieta sem goiabada. Simplesmente falta algo essencial.
Converso com você. Gosto disso. Gosto de poder penetrar nos seus olhos e enxergar a sua mente. Embora você não saiba, seus olhos são claros, diria que até cristalinos. E isso me preocupa certas vezes. Isso me preocupa, pois consigo ver neles uma ambição de não enfrentar incertezas, incertezas que te incomodam. Na vida, o que a torna tão espetacular é o fato de um Deus estar jogando dados a todo instante. Somos regidos por incertezas e probabilidades, e isto é ótimo. (Sem essa incerteza, tenho medo de imaginar como seríamos). Nós somos microcosmos, e como tal, possuimos uma organização complexa. O que acontece conosco é o mesmo que acontece com os ecossistemas. Devemos interagir de forma construtiva com outros microcosmos, a fim de estabelecer um macrocosmo mais equilibrado. Ninguém é autosuficiente. Nós só estamos aqui pois sabemos nos relacionar de forma vantajosa com (muitos) organismos. Você já parou para imaginar quantas variáveis entram numa equação para que o resultado seja igual a "vida"? São inumeráveis, infinitas.
Digo isso para mostrar que nada nem ninguém é completo sem estar relacionado. Fico imaginando se mantendo o atual estado poderemos ajudar um ao outro. Não desejo ser apenas uma válvula de escape nem um passatempo. Isso não me torna melhor. Devemos pensar e modificar essa forma de tratamento. Todos estamos interligados. Seres vivos + "não vivos", tudo está ligado. Formamos uma teia e visamos o equilíbrio - a mãe Gaia agradece."
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