segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Nossa dinâmica... (Bruno Polizio)

Passando de longe... vindo.
De cá o perfume de lá.
E vem, de preto, com preto.
E as pernas, e os braços,
Irrompendo, morenos, da roupa leve, suave.
Negra, naquele fim de tarde que se confunde com o começo da noite,
Quando o escuro se amálgama ao claro,
Quando essa mistura é inseparável,
Quando o ar se excita diferentemente,
E a luminosidade é mais sensual.

E os cabelos, de perto,
Castanhos.
Mas, só de perto.
Porque as cores, às vezes, me enganam.
E o sorriso, discreto.
Acho que não. Sei o que não sei.
Decifrável?
Sei que sei dos lábios,
Finos, rosas, macios,
Que dizem, o que vem de dentro, moderadamente,
Suavemente, pequeninamente, e apequenando-se, quem sabe confusos.
Enfim, como ela, dengosa, em si.
Meio aérea.

Mas a conversa flui, vai.
Vem ás vezes, também.
Atropela os pratos vazios em cima da mesa.
E enquanto das mãos delas o cope foge,
Às minhas ele vem a galope, indelicado.
Incerteza.
E a sobremesa vem com o doce de uns bejinhos.
Parcos, é verdade, é que restaurante não é apropriado.
Bacana o local, entretanto.
Tudo corre bem, legal.
E certo de que o carinho da última vez
do primeiro momento foi-se.
Não é o mesmo, agora.
Estranho.

E com o avanço da noite,
Quando a languidez é vencida pela lascívia,
Quase que imediatamente chega a letargia.
Hora de ir embora.
Dia de trabalho na manhã seguinte.
E gosto dela.
E do perfume que deixa em mim.
Satisfação pela noite agradável.
E uma certeza, daquelas que nos deixa tranqüilo para o dia seguinte.
Que tudo que podia ter feito, fiz.
Estou fazendo.
E um dia, quem sabe,
Não estarei numa tarde nublada,
E muito vento,
Com o braço direito prostrado na perna esquerda,
Com o queixo afundado na mão direita,
a pensar no que podia ter sido,e que não foi.
E assim, pois, tento, e continuo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Incrível como ninguém comentou esse texto... é fantástico!!! rsrsr
beijo pra vc Maluzinha!!!

Anônimo disse...

Muito bonito! Gostei! Bjus Malucha

Stephanie disse...

Oh Malu,
de um ritmo tão bonito essa dinâmica, que nem sei como vc foi parar de mão no queixo...

mas enfim, é preciso continuar. De bici!

beijos