terça-feira, março 14, 2006

"EU TE _ _ _"

Saio da minha experiência hermética e me exponho ao transe. Ao transe de um indivíduo em busca da troca. De um indivíduo que aguarda profunda e ardentemente a oportunidade de deixar sua individualidade solitária. A oportunidade de pertencer sem carecer ou depender. A chance de compartilhar sem temer a vulnerabilidade de conjugar o famigerado verbo na primeira do singular: "EU TE ...". Mas conjugar sem o receio angustiante da flexão no plural: "Nós nos...?"

Entrego-me ao transe de discorrer sobre algo que não conheço. Surpreso, leitor?! E, por acaso, você conhece? De qual tipo? Sim, há tipos, Vários! Conhece o de Camões? Ou o de Vinicius? Ou, quem sabe, não inventou um tipo novo em suas andanças?! Sem problemas, leitor passivo. Não precisa se abrir. Afinal, quem se expôs ao transe fui eu. Exposição, uma atitude difícil, encantadora. Como um quadro na galeria ou como uma bailarina na caixinha musical é fácil. Desafio-o a tentar a exposição tal qual a de um crooner amador que sempre recebe vaias, mas arrisca-se todas as noites a, quem sabe, ser ovacionado. Afinal, conjugar este famigerado sentimento – você sabe qual – é um desafio para iniciantes e doutores. A última é sempre a primeira vez.


Acostumado a rimar sempre com terminações em “OR”, quase me surpreendi pedindo “Por favor!” Surpreso, leitor?! Pois saiba que esse conjugar complicado não aceita orgulho, tampouco vaidade. Rima-se com “dor” e com “felicidade”. Sim, ao mesmo tempo. Ora, sei sabendo! De ouvir dizer, de ver na TV, de ler nos livros, de ver nos aeroportos, nos portos... Claro, rima-se com partida e chegada, com saudade, com cessão, com sessão... É possível rimar com fantasia, com realidade, com perenidade, com eternidade. Mas, devo confessar, estas últimas rimas me parecem bastante escassas, como me parece escasso o.... Você sabe o quê. Como? Medo? Não! Só não quero falar dele hoje. Por quê? Nada de mais, não quero e não vou. Posso voltar ao meu transe?! Obrigada!

Entre um fogo que arde sem se ver e algo finito posto que é chama? Não sei. Não queria me queimar. Inevitável? Você acha? Mas por que cargas d’água tem porque tem que ser desse jeito masoquista? Você ri? É trágico! Sei, engraçado porque não é você que está na berlinda. Eu sei. Conjuga-lo é colocar-se nela, na berlinda. Sim, “lo” é “ele”. Não adianta, não vou pronunciá-lo. Ainda não. Não hoje. Amanhã, talvez. (MLCM)

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi!
Cheguei no seu blog pelo blog do meu amigo Anderson Mulato Santos!
Adorei seu texto!Muito bem pensado e escrito!Sobre o ...?Tb não quero falar! hahah....
Parabéns mesmo!
Beijos, Manú!

Anônimo disse...

Malu,você é genial!
Li,reli,li novamente...Enfim, não me canso de ler seu texto.Lindamente escrito!
Orion ,tá bom pra você?

Bernardo Tonasse disse...

Inspirado!

Anônimo disse...

Malu,você sabe que não vou resistir...Não sei lidar com reticências...Nunca soube...Aí vai:


Malu,EU TE AMO!


UFF!Pronto,falei e ponto final.